
Quando transitamos na Avenida Floriano Peixoto um prédio que logo nos chama a atenção e que impões a iração de todo, é a estupenda edificação de 1935 e que desde então funcionou a Associação Comercial de Penedo, que sucedeu o Instituto Comercial Penedense criado ao final do século XIX.
Em um exercício de história, ficamos a imaginar como esta associação foi primordial para o desenvolvimento do comércio local, durante o seu período áureo que ocorreu durante o século XIX e meados do século XX.
A localização estratégica de Penedo pelo o a um porto fluvial, quando a principal via de escoamento era através do transporte de mercadorias pelo próprio rio, facilitando o comércio com outros portos e regiões e a visão empreendedora dos empresários da época em aproveitar esta vantagem competitiva, transformaram Penedo em uma referência econômica no estado como um comércio varejista forte e vigoroso
Uma associação comercial não aparece por acaso nem por geração espontânea, e sim para servir de instrumento para o desenvolvimento de segmentos econômicos, e os empresários da época tiveram o insight de unir os objetivos que eram comuns a todos para atingir seus objetivos organizacionais diferentes. E esta é a essência principal das associações comerciais e que sempre está presentes nos seus estatutos.
O importante para o empresário em geral é um ambiente local propício para desenvolvimento de seus negócios, e este ambiente, normalmente, é proporcionado pelo poder público ao fornecer à população boa educação, saúde e segurança e essas variáveis eram correntes durante o apogeu do comércio de Penedo, provavelmente pela influência que a associação comercial, por ser atuante, devia ter perante os prefeitos da época. Era um poder nada desprezível e essencial para influenciar quem desejasse projeção política.
O acervo documental da Associação Comercial de Penedo é riquíssimo e o seu o às pesquisas daria aos historiadores contemporâneos – como o Dr. Claudemiro Avelino de Souza, autor do recente livro Alagoas Colonial, uma fonte inesgotável que esclareceria nossas dúvidas e hipóteses das realizações que ela promoveu para o nosso desenvolvimento. Formulo uma dúvida que entendo interessante: os seus participantes eram apenas os que exerciam as atividades na área comercial ou todas do segundo setor da economia (empresas com fins lucrativos)? A minha hipótese é que a Associação Comercial de Penedo era lato sensu.
E atualmente, de modo geral, qual a influência representativa da Associação Comercial de Penedo na comunidade e na política? Como ela só tem existência jurídica, mas não pratica os seus objetivos estatutários, podemos compará-la metaforicamente a uma barra de 1kg de ouro no fundo do rio, tem o seu valor mas precisa ser resgatada para voltar a ter sua influência histórica
Toda associação, independentemente de seus objetivos, é fundada com a perspectiva de permanecer ativa por várias gerações futuras. Mas infelizmente, os empresários locais, talvez acomodados pela pouca mudança que o ambiente negocial da época apresentava, não perceberam que este ambiente estava se modificando de forma gradual, mas definitiva, causada pela mudança nos transportes das mercadorias e a influência das rodovias federais na formação de novos centros distributivos regionais.
Esta curva descendente foi devastadora para os empresários da época, que com raras exceções, não se adaptaram a nova realidade e, como naquela época ainda eram incipientes as publicações acadêmicas sobre mudanças estruturais no ambiente negocial. Com a consequente redução de empresas comerciais a Associação Comercial foi perdendo paulatinamente seus associados e os que permaneceram não estancaram o processo entrópico instalado.
Como a Associação Comercial de Penedo foi fundada em 1899, hoje seria uma mescla da 4ª e da 5ª geração de empresários locais a conduzir o seu destino, Estas gerações, no meu entendimento, são competentes na condução dos seus negócios, sabendo conduzir suas empresas em um ambiente altamente volátil e hostil como é hoje, diferentemente do ambiente negocial das primeiras décadas do século ado.
Mas é para esta nova geração que a história da Associação Comercial de Penedo deixou a responsabilidade de ressurgi-la, e deste “pesado” legado ela não deve se esquivar, para evitar o seu encerramento definito.
Não será uma tarefa fácil e tranquila, pois a recuperação de toda e qualquer instituição representativa de segmentos empresariais ou profissionais é complexa e exige um conjunto formado pelas competências individuais e o objetivo comum de reverter o processo entrópico ali instalado para e fazer ressurgir a A das cinzas. Sem ter receita pronta para este processo, habitualmente, ele se inicia quando aproximadamente 5 ou mais empresários se unem e se reúnem para discutir as estratégias e quais ações deverão ser realizadas com prazos determinados. Em seguida divulgam o grande objetivo desejado: recuperar a importância da associação para todos os empresários, juntando forças com as outras associações da classe e conseguir adesões para o desafio.
A experiência dita quatro atitudes que são imprescindíveis para o sucesso das ações programadas: a humidade de procurar outras associações comerciais existentes no estado para saber dos seus sucessos; a opinião dos empresários que já foram associados, não procurar culpados pela situação e a reformulação de seus estatutos ampliando as atividades de seus participantes, similarmente à maioria das associações em funcionamento.
Estas gerações podem ser protagonistas da história do ressurgimento de uma associação comercial centenária ou meros assistentes que não se comprometem com o desenvolvimento local. Eis o desafio.